Fruto de um processo de desmonte da Petrobrás, tragédia da P-36 completa 22 anos

Era início da madrugada de 15 de março de 2001 quando a maior plataforma do mundo de produção de petróleo em alto mar, a P-36, sofreu uma explosão em uma de suas colunas. Poucos minutos depois, houve mais duas explosões. Onze trabalhadores da brigada, que tentavam combater o incêndio, morreram. A plataforma, que operava no campo de Roncador, na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, naufragou cinco dias depois e apenas dois corpos foram encontrados.


Hoje, 15 de março, faz 22 anos que essa tragédia aconteceu. Um dos mais graves desastres da história da Petrobrás e da indústria petrolífera, o acidente da P-36 deixou evidente o processo de desmonte que a estatal vinha sofrendo no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2003).

Foi um período marcado pela política de redução de investimentos na empresa e corte de custos. Processo esse que se revigorou a partir de 2016 e ganhou mais força nos últimos quatro anos. Em 2022, por exemplo, foram registradas cinco mortes de petroleiros, vítimas de acidente de trabalho: na Reduc, na Bahia, na P-19 (Bacia de Campos), em Sergipe e no Porto do Rio de Janeiro.

Sabemos que as medidas de contenção de custos aumentam a insegurança do trabalhador e os riscos de acidentes. Temos assistido, desde 2016, e mais acentuadamente a partir de 2019, em nome da lucratividade, cortes insanos de investimentos e de custos, seja em treinamento, seja via terceirização, resultando em baixo efetivo, precarização das relações de trabalho, da mão de obra e das condições de segurança e saúde. As consequências desse processo é o aumento das ocorrências de acidentes operacionais e de processo, que lesam o patrimônio e a imagem da empresa, a saúde do meio ambiente e do trabalhador, muitas vezes tirando suas vidas.Segurança é valor. Segurança não é custo, é investimento.

O dia 15 de março é uma data que nunca deve ser esquecida por nós, petroleiros. É um dia para se lembrar dos colegas que se foram e, para além de prestar nossa homenagem às vítimas, reforçar nossa luta em defesa da vida. Só assim conseguiremos evitar que mais tragédias aconteçam.