Gestão da Petrobrás retoma venda de três refinarias e adia prazo para manifestações, diante da falta de interesse de investidores

No final de junho, a gestão da Petrobrás retomou o processo de venda das refinarias Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco; Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; e Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul. E estabeleceu prazo até o dia 15 de julho para que os potenciais compradores se manifestassem. Ao que parece, ninguém se interessou. O prazo, então, foi adiado, estendido por mais duas semanas.


O governo tem expectativa de que algum investidor se apresente, apesar da incerteza macroeconômica atual e da proximidade da eleição presidencial, que pode mudar os rumos do país.
As três unidades à venda representam 23% da capacidade nacional de refino. A Rnest, segundo informa a própria Petrobrás, “é a mais moderna refinaria que já construímos e já contribui para atendermos a demanda nacional por derivados de petróleo…e apresenta a maior taxa de conversão de petróleo cru em diesel (70%), combustível essencial para a circulação de produtos e riquezas do país”.

A Repar responde por cerca de 12% da produção nacional de petróleo, atendendo, especialmente os estados do Paraná e Santa Catarina, além do sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. E a Refap processa 201.280 bbl/dia, operando principalmente no mercado regional, com foco na maximização da produção de óleo diesel.

É esse patrimônio, construído ao longo de décadas, que o governo quer transferir à iniciativa privada, junto com toda a estrutura logística integrada, de terminais de armazenamento e dutos que interconectam as plantas aos terminais. Sistema esse de conexão que também possibilita acesso direto à cadeia de suprimento de petróleo e ao mercado consumidor brasileiro de derivados de petróleo a partir dos três estados.

Assim procedendo, o governo conduz sua petrolífera, a maior empresa nacional, e o país na contramão da soberania e independência energética. Ao invés de investir no refino, retomando as obras paralisadas e a construção e implantação de novas refinarias, como anteriormente planejado, decide pela venda de metade da capacidade de refino da companhia alegando que os preços cairão com as privatizações e a concorrência, o que já está fartamente desmentido na prática.

Não bastasse a privatização da BR Distribuidora (atual Vibra), hoje com combustíveis mais caros nas bombas, a antiga Rlam, após privatização Refinaria de Mataripe, na Bahia, também cobra os preços mais caros do país.

Os fatos são incontestáveis. A desverticalização e o apequenamento da Petrobrás não estão a serviço do país e de seu povo que a criou, mas do mercado financeiro e de interesses outros não nacionais.