Justificativa para anunciar a venda dos campos de Albacora e Albacora Leste expressa contradições

Na sexta-feira, 25 de setembro, a Petrobrás divulgou o teaser para a venda da totalidade de suas participações nas concessões dos campos de Albacora e Albacora Leste, localizados na Bacia de Campos, no qual consta, como em toda oferta, a “justificativa” reproduzida a seguir para sua venda:

“(…) Essa operação está alinhada à estratégia de otimização de portfólio e melhoria de alocação do capital da companhia, passando a concentrar cada vez mais os seus recursos em águas profundas e ultra-profundas, onde a Petrobrás tem demonstrado grande diferencial competitivo ao longo dos anos.”

Considerando a justificativa dada para a venda, ainda que discordando dela, impossível não apontar fragilidades e contradições: os campos são GIGANTES e localizados em águas profundas e com descobertas no pré-sal, onde supostamente a companhia quer se concentrar por demonstrar grande diferencial competitivo.

Com OOIP e produção combinados de 8,2 Bboe e 77 Mboe/d, os Ativos representam um importante pólo de produção com relevantes oportunidades de revitalização no pós-sal e projetos de desenvolvimento do pré-sal.”

Lendo o material disponibilizado para atrair os compradores vemos, ainda, outros atrativos que deveriam impedir a companhia de se desfazer dos campos, ao invés de investir:

Albacora:

Óleo de alta qualidade, 27 0 API; atividades de curto prazo focadas na expansão das reservas e aumento da produção por meio da revitalização do campo e desenvolvimento do pré-sal – Projeto de revitalização deve melhorar significativamente a recuperação e mais que triplicar a produção dos níveis atuais –Testes detalhados em andamento na formação do pré-sal de Forno (poço 3-AB125-RJS), com resultados esperados para o 4º Tri de 2020; já integrado e produzindo na infraestrutura existente; reservatórios adicionais não produtores descobertos e oportunidades (leads) exploratórias identificadas.”

Albacora Leste:

Óleo de 19º API ; o desenvolvimento do pós-sal inclui diversas oportunidades de perfuração de enchimento nos principais reservatórios; desenvolvimento de descobertas do pré-sal e outros alvos de exploração já identificados devem aumentar a produção no curto prazo e estender os atuais níveis de produção no longo prazo; desenvolvimento do pré-sal com foco na descoberta de Arapuçá; poço ABL-85 planejado para tie-back em 2023; reservatórios adicionais não produtores descobertos e leads exploratórios identificados.”

Por fim, outras informações anunciadas para potenciais compradores não se demonstram tão atraentes para o país – estados, municípios e a sociedade como um todo. Entre elas, o fato de que não há nenhuma obrigação de conteúdo local, algo que pode ter forte impacto negativo para as empresas (bens e serviços) nacionais e para o nível de emprego de brasileiros, sobretudo na crise econômica que nosso país atravessa.

Além disso, deve-se questionar o potencial para redução de royalties no futuro, o que também dispensa explicações sobre as arrecadações do Estado e Municípios.

Assim, restam as perguntas que não querem calar e que cada um deve se fazer com muita lucidez: a quem serve essa estratégia? Esse é um ótimo negócio para quem?

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