Troca de mais um presidente da Petrobrás é manobra do governo para terceirizar responsabilidade

Mais uma troca no comando da maior empresa brasileira, dessa vez com apenas 40 dias de diferença, tirando o foco dos grandes problemas nacionais e buscando se isentar da responsabilidade sobre a política de preços dos derivados.


Como representante dos trabalhadores no Conselho de Administração, independente dos nomes envolvidos, só tenho a lamentar mais essa troca de presidente da Petrobrás.

Para nós trabalhadores, técnicos ou gestores, e para a empresa em si, essas trocas frequentes são muito prejudiciais pois criam um clima de muita instabilidade. Vivemos em constante sobressalto na companhia. A Petrobrás não é do governo de plantão, é do Estado brasileiro e não pode ser utilizada como um brinquedo, uma ferramenta de oportunidade. A principal questão que se coloca é que, para esse “governo”, o caos é um método, uma tática operacional. Para desviar o foco das grandes questões nacionais que não são encaradas e resolvidas, criam-se fatos relevantes. Como uma guerrilha, cirurgicamente planejada. É uma irresponsabilidade, um desrespeito à empresa e às pessoas envolvidas, mas infelizmente isso não é uma surpresa, é o modus operandi.

Novamente insisto: o presidente almeja alguns objetivos com essas medidas:

• Desviar o foco dos problemas nacionais e de denúncias graves na mídia;
• Tentar se eximir da responsabilidade sobre a política de preços dos combustíveis e gás (PPI), que é dele;
• Colocar a população contra a Petrobrás, buscando apoio popular à sua privatização;
• Agradar sua claquete, que se contenta com discursos.
Mas ele não assume sua responsabilidade, não faz o que deve e precisa ser feito: modificar a política de preços da estatal.
A Petrobrás é muito maior do que qualquer governante de plantão. É da dimensão territorial e histórica do Brasil e de seu povo que a criou. A Petrobrás é do Estado brasileiro e nós, petroleiros, que a construímos e agigantamos com nosso trabalho e dedicação todos os dias, a defenderemos incansavelmente.