Em comunicado nesta segunda-feira (28), a Petrobrás anunciou que concluiu a transferência da totalidade de sua participação dos polos de Golfinho e Camarupim para a BW Energy, após o cumprimento das condições precedentes previstas nos contratos vinculantes, assinados em 24/06/2022. Os campos de óleo e gás ficam em águas profundas no pós-sal da Bacia do Espírito Santo.
A venda desses polos – que foi aprovada, na época, pela diretoria executiva – é mais um desinvestimento injustificável e lamentável do governo Bolsonaro. Quando da assinatura do contrato, no ano passado, o Sindipetro-ES afirmou que essa negociação representava a extinção da Bacia do Espírito Santo, que compreendia o sul da Bahia até Guarapari, na Grande Vitória. À época, todos os campos terrestres e de águas rasas da Bacia do Espírito Santo já tinham sido privatizados e a venda desses polos de águas profundas encerrava a atuação da Petrobrás no segmento E&P nessa bacia. Sobraram para a UO-ES alguns campos da Bacia de Campos, que vai do Rio de Janeiro até o sul capixaba.
Outra preocupação dos petroleiros, e que faz total sentido, é com relação às questões ambientais, já que a operação em mar aberto envolve sérios riscos. A compradora dos polos, segundo apuração do sindicato, “é desconhecida no mercado”. A empresa teria sido fundada há menos de sete anos e sua sede fica nas Bermudas, um paraíso fiscal.
Além disso, a negociação não só favorece a compradora em relação às áreas de exploração, mas também com toda a estrutura já existente nessas unidades, incluindo o mercado cativo de gás do Espírito Santo e a garantia de compra de petróleo por parte da Petrobrás. Ou seja, o risco da compradora é zero nessa negociação.
Os campos cedidos, de acordo com o comunicado da companhia, respondem por 6,6% da produção operada pela Petrobrás no estado capixaba, “e sua transferência não impacta as demais atividades da Petrobras na região, onde a empresa mantém operações de importantes campos em águas profundas, a exemplo do Parque das Baleias, além de 6 áreas exploratórias.”
A companhia garante ainda a manutenção de seus compromissos de investimento no estado, “com destaque para a implantação de uma nova unidade de produção no Campo de Jubarte (FPSO Maria Quitéria) e para a interligação de novos poços, projetando um incremento da sua curva de produção até 2027. Além dos campos offshore, a Petrobras permanece com outras operações no estado, como as unidades de processamento de gás natural de Cacimbas (UTGC) e Sul Capixaba (UTGSUL) e o Terminal Aquaviário Barra do Riacho”.
É muito importante que retomemos os investimentos no estado e na Bacia do Espírito Santo. E mais importante ainda é a análise crítica e criteriosa de todas as privatizações realizadas nos governos Temer e Bolsonaro.