Organizada pelos estudantes de geologia, com apoio da administração e acadêmicos da universidade, a tradicional Semana Acadêmica de Geologia (Sageo) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) terminou na sexta-feira (11), com palestras de três geólogos da Petrobrás: meus amigos Sylvia dos Anjos, atual diretora de E&P, Guilherme Estrella, ex-diretor de E&P, e eu. O evento, que teve como tema central “Preservação ambiental aplicada à exploração de recursos minerais e energético”, foi muito interessante e contou com a participação de muitos estudantes.
Na minha palestra, falei sobre a “Transição Energética” e o papel da Indústria de Óleo e Gás”. Sem perder o olhar para o planeta e as emissões de gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global, destaquei a posição da Petrobrás e do Brasil na liderança da transição energética justa. Sim, porque nosso petróleo do pré-sal tem menor pegada de carbono e o Brasil tem uma matriz energética das mais diversificadas do planeta, senão a maior. Hoje estamos onde o mundo ambiciona chegar em 2050. Portanto, é essa realidade a partir da qual devemos planejar nossas ações.
Enfatizei também a necessidade da reposição de reservas do petróleo e, no Brasil, as duas principais fronteiras exploratórias estão na Bacia de Pelotas e na Margem Equatorial, onde o bloco FZA-59 é nossa grande aposta.
Por fim, trouxe preocupações e questionamentos sobre as energias renováveis, sejam solares, eólicas onshore/offshore, biocombustíveis, etc. A descarbonização e a transição energética não podem se dissociar da sustentabilidade e, nesse sentido, há que se fazer o balanço do carbono e dos impactos socioambientais desses novos projetos.
Registros de passivos socioambientais dos parques eólicos no agreste brasileiro, e eventualmente dos solares, são muito mais comuns do que se imagina. Quanto aos parques eólicos offshore, estudos dos impactos ambientais precisam ser aprofundados e ampliados, pois certamente existem e são críticos.
No setor de biocombustíveis é preciso definir muito bem a estratégia para matéria-prima, de sorte a não estimularmos a expansão da fronteira agrícola e nem o uso intensivo de agrotóxicos. Lembrando que mais de 70% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil proveem da modificação da ocupação da terra, desmatamento e agronegócio, principalmente.
A diversificação energética é necessária e deve ser implementada de mãos dadas com a sustentabilidade.