O anúncio oficial do “plano estratégico” 2022-2026 foi aguardado com grandes expectativas e especulações do mercado. O incremento no volume total de investimentos da companhia foi alardeado interna e externamente. Um acréscimo (22%) muito tímido comparado àquele dado ao pagamento de dividendos aos acionistas.
A concentração dos investimentos ficou, novamente, na área de E&P (84%) e dessa gorda fatia, a maior parte dela se volta para o desenvolvimento e produção no pré-sal, reforçando a política de concentração na produção de petróleo nessas reservas da Bacia de Santos.
Com relação à área de refino, que deteve apenas 12% do total, os investimentos se concentram nas refinarias que a empresa pretende reter, no eixo Rio-São Paulo. A única exceção é a Rnest, para a qual serão destinados 19% dos investimentos. Serão concluídas as obras de ampliação do trem 1 e a construção do trem 2, aumentando a capacidade de processamento da refinaria de 100 mil para 245 mil boed.
Mas engana-se quem pensa que a direção da companhia mudou seu foco e objetivo principais, que é privatizar a refinaria. Apenas mudou a tática.
A direção da estatal falou abertamente à imprensa que o fato de a Rnest não estar concluída pesou nas negociações, que foram encerradas em agosto. “Acreditamos que o término da obra vai adicionar valor ao ativo, possibilitando o desinvestimento com sucesso”, disse um diretor na quinta-feira (25/11), em vídeoconferência com analistas, segundo reportagem da Folha de SP, publicada na sexta-feira (26/11). Ele também confirmou que a Petrobrás reiniciará o processo de venda da refinaria.
Outro executivo da Petrobrás declarou, nesse mesmo evento, que “Para estrangeiros, é uma obra que a própria Petrobras tem mais condições de concluir.” Declaração essa que entra em choque frontal com outra afirmação dada pelo primeiro diretor. Conforme a reportagem, ele acredita “que os compradores das refinarias que hoje estão à venda também investirão em ampliações”.
Escolha você em qual dessas declarações acreditar.
Ora, o monopólio do petróleo foi encerrado em 1997 e, desde então, nenhuma empresa ávida por investir no Brasil, como repetidamente anunciado aos quatro cantos, se propôs a construir uma refinaria sequer capaz de concorrer com as da Petrobrás. Ao contrário, querem comprar tudo pronto e barato. A Rnest é a prova mais incontestável disso.