A morte de três trabalhadores é fruto da política de desmonte da Petrobrás, aprofundada pelo governo anterior

No período de apenas quatro dias, entre 5 e 8 de outubro, morreram três trabalhadores de empresas que prestam serviços para a Petrobrás. Uma das ocorrências foi a trágica morte da engenheira Rafaela Martins de Araújo, de 27 anos, em um acidente típico de trabalho no terminal de Cabiúnas, em Macaé. Os dois outros casos, não caracterizados como acidente de trabalho, ocorreram a bordo do FPSO Cidade de Niterói, na Bacia de Campos, e na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná.


Esses casos, não isoladamente, mas em conjunto com outros acidentes graves e fatalidades registradas, nos denunciam que ainda há muito por fazer para melhorarmos as condições de trabalho e prover condições mais seguras.
Inegavelmente essa situação é produto de um longo e profundo processo de desmonte da Petrobrás, iniciado no golpe de 2016 e acelerado pelo governo anterior com a implementação de políticas predatórias, como:

  • Terceirização indiscriminada e irresponsável das atividades;
  • Precarização das condições contratuais e consequentemente das relações trabalhistas das prestadoras de serviços;
  • Redução brutal e irresponsável do efetivo próprio em todas as atividades, inclusive operacionais e de SMS;
  • Precarização das condições e relações trabalhistas com o efetivo próprio na empresa;
  • Políticas de RH centradas na “meritocracia” estimulando a competição predatória e destruindo o espírito de equipe e de pertencimento;
  • Políticas de remuneração.

Esse conjunto de medidas, entre outras, em nome do lucro máximo, tem consequências nefastas e de longo prazo. Seus efeitos não são imediatos, se manifestam em médio e longo prazos. Assim como não são imediatos os efeitos das medidas corretivas tomadas para a sua reversão.
Testemunhei, critiquei e combati incansavelmente o desmonte da Petrobrás, em nome da categoria que represento no CA e CSMS, desde meu primeiro mandato em 2020. E a partir da posse das novas gestões, tenho acompanhado, criticado quando necessário e, sim, contribuído muito para a reconstrução da companhia.
O CSMS tem desempenhado fundamental papel no diagnóstico, crítica e construção de novas políticas, contribuindo para a reconstrução da Petrobrás nas bases que sempre acreditamos mais seguras, justas e inclusivas. O CSMS tem sido determinante para o fortalecimento do SMS na companhia.
Muitas medidas já foram tomadas para reverter essas políticas nefastas, tais como contratação do cadastro de reserva do concurso de 2021, novos concursos, revisão das contratações e dos contratos ativos de prestação de serviços, entre outras. Mas, indubitavelmente, há muitas mais a se tomar. Temos ainda, por exemplo, algumas políticas equivocadas de RH. Temos também lideranças, nas diferentes esferas de comando da companhia, que ainda rezam a cartilha do desmonte, da privatização, do lucro máximo, do desrespeito à força de trabalho e às diretrizes e regras de SMS. E os acidentes nos mostram isso com muita clareza.
Deixamos aqui nossos profundos sentimentos pelas irreparáveis perdas e o compromisso de continuar lutando incansavelmente para que nenhum acidente lesione ou mate uma trabalhadora, um trabalhador.