A reação do mercado aos dividendos do 4TRI/2024 e a artilharia apontada para os resultados, a atual gestão e o sócio controlador

Divulgado o balanço do ano de 2024 e o volume bilionário de dividendos aprovados, o “mercado” reage como um adolescente contrariado. A maioria da mídia hegemônica e muitos “especialistas” de plantão publicam análises rasteiras, tendenciosas e carregadas de vieses, apontando a artilharia para a nova gestão da companhia e o governo federal, sócio controlador.


Vamos aos fatos: o resultado operacional foi excelente, com fluxo de caixa de US$ 38 bi, que supera todas as gigantes nacionais, sendo quatro vezes maior que o da Vale, a segunda colocada. A companhia realizou US$ 16,6 bi em investimentos, 31% maior do que em 2023 e isso é produto não apenas do incremento, mas principalmente da redução da defasagem entre a evolução física e financeira dos grandes projetos (FPSO).
Destaco ainda alguns fatos relevantes: elevação das reservas provadas (IRR 154%) e da relação produção/reservas para 13,2 anos, bem como da oferta de gás com o início da operação da UPGN do Complexo de Energias Boaventura. Está sendo resgatada a relevância da Bacia de Campos com projetos de revitalização de campos gigantes e de reaproveitamento de unidades de produção anteriormente destinadas ao descomissionamento. O refino ampliou sua produção, trabalhou com FUT de 93% em média. Estão sendo retomadas as fábricas de fertilizantes no Paraná (Ansa) e Mato Grosso do Sul (UFNII). Foram aprovados projetos de reposição, ampliação e modernização da frota do Sistema Petrobrás.
Os dividendos aprovados são o terceiro maior volume da história da companhia, que responde por quase metade do valor total distribuído no país. O que representa mais que o dobro dos dividendos da segunda colocada, a Vale, e corresponde à 14ª posição do ranking mundial.
Senhores, o prejuízo do quarto trimestre (4TRI/24), assim como do 2TRI/24, foi contábil e ocasionado por eventos não recorrentes e externos. Conforme divulgado, as três principais causas para o resultado menor, mas positivo, nesse exercício foram: variação cambial, ambiente externo (brent e crackspread diesel) e transação tributária. E mesmo assim, obtivemos um ótimo resultado em 2024.
A apresentação dos resultados e seus números está disponível no site de Relacionamento com os Investidores (https://www.investidorpetrobras.com.br/).
Com relação aos dividendos, eu reprovei esse pagamento, mesmo sendo dividendos ordinários, conforme fórmula e critérios definidos na política de remuneração aos acionistas. E o fiz por uma série de motivos, dos quais os principais:
1. em novembro passado foi autorizado o pagamento de dividendos extraordinários, com meu voto contrário, conforme comunicado (https://rosangelabuzanelli.com.br/conselho-aprova-novos-planos-estrategico-e-de-negocios-da-petrobras-e-dividendos-extraordinarios-aos-acionistas/);
2. o volume de dividendos autorizados ultrapassou em muito o lucro líquido do exercício;
3. o pagamento dos dividendos utilizou a reserva de remuneração do capital e boa parte da reserva de lucros;
4. a Petrobrás enfrentará gigantescos desafios, seja para a reposição das reservas principalmente a partir de novas fronteiras exploratórias, seja na descarbonização das operações e diversificação energética.
Ainda pesa o fato de que não aprovei, para a política de remuneração aos acionistas, quando da revisão em 2023, os pagamentos intercalares trimestrais e os dividendos extraordinários. Na minha visão, os dividendos deveriam ser pagos ao final do exercício, provendo à companhia estabilidade mínima diante de eventos inesperados, sejam da volatidade inerente ao setor, sejam externos a ele como o foi a pandemia da Covid19.
Como já manifestei dentro e fora do CA, a revisão da política apenas iniciou em 2023, sendo necessário seu aprimoramento visando a perenidade da companhia.

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