Na semana passada houve um grande derramamento de óleo em um poço de petróleo privatizado no campo de Inhambu, no Norte Capixaba. A ocorrência foi apontada pela imprensa como “o maior acidente ambiental da história do petróleo no Espírito Santo”. No início deste mês, resíduos de óleo contaminado foram descartados em área de vegetação no município de Carmópolis. A presença de material radioativo, confirmada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, indicaria ser este um dos principais crimes ambientais da história de Sergipe.
Os dois casos envolvem a operação de empresas privadas: o Campo de Inhambu é de responsabilidade da Seacrest, controlada por um grupo norueguês, e a exploração de petróleo em Carmópolis é feita pela empresa Carmo Energy. Lamentavelmente, os dois casos expõem, mais uma vez, as inegáveis consequências desastrosas da privatização dos ativos da Petrobrás.
Imagens que circulam pela internet e redes sociais mostram a área de Inhambu completamente coberta por óleo. O poço teria sofrido um blowout, que significa o vazamento descontrolado em função de alguma falha no seu sistema de controle de pressão. Na avaliação do Sindipetro Espírito Santo, isso provavelmente ocorreu por conta de problemas de manuseio, ou seja, a falta de expertise, de conhecimento e treinamento dos trabalhadores.
O campo de Inhambu era da Petrobrás e foi vendido pelo governo passado para a Seacrest. A empresa, controlada por um grupo norueguês, adquiriu um total de cinco campos de petróleo da companhia no Norte Capixaba, além do Terminal Norte Capixaba, e mais 27 campos no Polo Cricaré.
Infelizmente, este não é o único acidente ambiental que envolve a Seacrest. Em março do ano passado, a imprensa divulgou que houve o derramamento de mais de 1 mil litros de petróleo, em Linhares, no Polo Cricaré, vazamento este que teria demorado alguns dias para ser descoberto. Também na região de Linhares, em fevereiro de 2022, um derrame de petróleo no Polo Lagoa Parda, vendido em 2020 para a empresa Imetame Energia, ameaçou áreas de proteção ambiental de alta sensibilidade e comunidades tradicionais e pequenos agricultores. E, nesse caso específico, o flagrante despreparo dos trabalhadores para remediação agravou o acidente.
Em Carmópolis, de acordo com o Sindipetro Alagoas/Sergipe, a Polícia Ambiental está investigando crime ambiental por parte da Carmo Energy, que estaria descartando em várias áreas do município material radioativo, acumulado nos diques das estações coletoras de óleo. A empresa adquiriu o Polo Carmópolis em dezembro de 2022, no apagar das luzes do governo Bolsonaro. O polo compreende concessões localizadas em diferentes municípios sergipanos, incluindo acesso à infraestrutura de processamento, escoamento, armazenamento e transporte de petróleo e gás natural.
A negligência e despreparo dessas empresas privadas na gestão desses campos, é flagrante. Falta de treinamento, em alguns casos de EPI, para os empregados, desrespeito às leis ambientais e trabalhistas e descaso com os danos irreversíveis que essas práticas podem causar ao meio ambiente, à saúde do trabalhador e das comunidades no entorno.
A privatização, não só desses campos de petróleo, mas de todas as empresas públicas e estatais estratégicas para o desenvolvimento do país, trazem sérias consequências relacionadas diretamente à economia, ao meio ambiente e ao bem-estar da sociedade. Fartos exemplos têm sido dados também com a privatização da energia elétrica, abastecimento de água e saneamento básico. Por isso, lutamos tanto – e vamos continuar lutando – contra essas privatizações.
#PRIVATIZAR FAZ MAL AO BRASIL