Na sexta-feira passada, perto das 9h, um caminhão-tanque de gasolina da Vibra explodiu na rua Gonzaga Bastos, que fica na Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro, causando estragos e um susto enorme nos moradores do local. Por sorte, não havia pedestres na rua e ninguém ficou ferido. Mas o incidente foi tão violento que chegou a provocar avarias em veículos, estilhaçou dezenas de janelas de imóveis, inclusive de apartamentos, e esquadrias voaram para o chão.
Bombeiros foram acionados. A tampa do cilindro do caminhão foi rasgada em três partes e atirada a quase 100 metros de distância. O caminhão havia acabado de abastecer um posto. Estava vazio quando explodiu. O cenário era de filme de guerra.
Com as cores e o nome da Petrobrás escrito em letras garrafais no caminhão, naturalmente, a notícia que começou a circular, e rapidamente viralizou nas redes sociais, era a de que houve uma explosão com um caminhão da companhia. A empresa correu para desmentir a informação e comunicou à imprensa que “embora esteja identificado com a marca da companhia, o caminhão é de responsabilidade da Vibra, empresa que detém direito de uso exclusivo da marca Petrobras no segmento de distribuição de combustíveis no Brasil”.
A absoluta maioria dos brasileiros não sabe, mas a BR Distribuidora, segunda maior empresa do Brasil, foi privatizada pelo governo passado. Em julho de 2021, ela passou para o controle total da Vibra Energia. Como se não bastasse a venda de um ativo tão importante, o mercado consumidor brasileiro vai de brinde. E o valor desse mercado é incomensurável. A gestão Castello Branco cedeu a marca BR Petrobrás por dez anos, renovável por mais dez, através de questionável contrato de cessão de marca.
Após construir a maior rede de distribuição, conquistar a maior fatia do sétimo mercado mundial de combustíveis, esses gestores cedem a marca e a credibilidade da Petrobrás por uma a duas décadas.
É notório o registro crescente de queixas sobre as condições de muitos postos de combustíveis da Vibra, sempre com a marca BR Petrobrás, seja na apresentação dos mesmos, pintura, limpeza etc., seja na qualidade do atendimento e dos combustíveis.
É imperativa a auditoria da cessão da marca e dessa venda, entre tantas questionáveis, pois são parte de um sórdido plano de desverticalização e desmonte do Sistema Petrobrás, que culminaria em sua privatização total. Esse desmonte visava também alcançar o maior diferencial competitivo da companhia, que é sua integração e verticalização, atingindo principalmente a sociedade brasileira, que passou a pagar combustíveis a preços de importação, favorecendo setores da iniciativa privada.
A distribuição de combustíveis pela Petrobrás precisa ser debatida e retomada, recompondo sua verticalização e devolvendo sua autonomia e capacidade competitiva também na área de comercialização. Lembrando que os postos de combustíveis sempre foram nosso melhor “cartão de visitas” e onde a sociedade nos enxerga no dia a dia. Enquanto isso, a Vibra utiliza nossa marca e nossa credibilidade, construída com décadas de trabalho, sem compromisso com nossos padrões comerciais, de segurança, de atendimento e de qualidade, afinal, quem fica com o impacto na imagem e reputação é a Petrobrás.
Mais uma vez a máxima se comprova: #Privatizar faz mal ao Brasil!