Em reunião nesta quinta-feira (21), o Conselho de Administração da Petrobrás aprovou o Plano Estratégico 2050 (PE 2050), o Plano de Negócios 2025-2029 (PN 2025-29) e o pagamento de R$ 20 bilhões de dividendos extraordinários aos acionistas. Ressalto que votei a favor do PE e do PN, mas fui contra a distribuição dos dividendos extraordinários.
A soma que vai para os acionistas equivale a R$ 15,6 bilhões como dividendos intermediários, com base na reserva de remuneração do capital, e R$ 4,4 bilhões como dividendos intercalares. Como informado pela própria companhia, a distribuição proposta está alinhada à Política de Remuneração aos Acionistas vigente, que prevê o pagamento de remuneração extraordinária desde que a sustentabilidade financeira da Petrobras seja preservada.
Eu votei contra esse pagamento por diversas razões, das quais destaco: não concordo e não aprovei o pagamento trimestral, considero que os dividendos deveriam ser pagos no final do exercício; não concordo e não aprovei o pagamento de dividendos extraordinários. Diante dos desafios que temos para os próximos anos, sejam relativos à reposição das nossas reservas via novas fronteiras exploratórias e recuperação de campos maduros, sejam relativos aos compromissos climáticos via descarbonização das nossas operações e diversificação energética, considero que deveríamos ser mais conservadores com o excedente de caixa.
Afinal, a política de remuneração aos acionistas, registrada no Estatuto Social, prevê que: “A companhia poderá, em casos excepcionais, realizar a distribuição de remuneração extraordinária aos acionistas….”. Ocorre que a excepcionalidade virou obrigação e essa cultura precisa ser revista, assim como a política de remuneração aos acionistas, cujo aprimoramento apenas iniciamos ao alterá-la em julho do ano passado.
Com relação ao PE e PN, o Conselho de Administração integrou o processo de elaboração dessas duas propostas. Os conselheiros participaram ativamente das discussões com as áreas técnicas e a diretoria executiva da companhia, levando à conclusão e aprovação do documento final.
Neste ano, inclusive, o plano foi separado para reforçar a visão de longo prazo da Petrobrás. Essa era uma cobrança minha desde que assumi o primeiro mandato em 2020: uma visão de longo prazo como deve ser um Plano Estratégico de uma companhia do porte da Petrobrás. Dessa forma, optou-se em lançar o PE 2050, que propõe pensar no futuro do planeta e como a empresa quer ser reconhecida daqui a 26 anos, e o PN 2025-29, que apresenta metas de curto e médio prazo, com o objetivo de pavimentar o caminho da companhia para o futuro a partir de seus posicionamentos estratégicos.
No horizonte do Plano de Negócios, houve um aumento de 9% nos investimentos em comparação ao último PN. No próximo quinquênio, a Petrobrás vai investir US$ 111 bilhões, sendo US$ 98 bi direcionados a projetos em implantação e US$ 13 bi a projetos em avaliação, que ainda dependem de estudos adicionais de viabilidade técnica e econômica.
Entre as prioridades da companhia para os próximos cinco anos, destacam-se a ambição de manter sua relevância atual no fornecimento de energia primária e no desenvolvimento econômico do Brasil e de neutralizar suas emissões operacionais até 2050. A Petrobrás concentrará seus esforços no aproveitamento dessas oportunidades do mercado de óleo e gás, com foco em reposição das reservas, na produção crescente com menor pegada de carbono e na ampliação da oferta de produtos mais sustentáveis e de maior qualidade no seu portfólio.
Como os números estão bem divulgados, destaco aqui o resgate, na área de E&P (DE&P) e viabilizados pela Engenharia (Denge), de caros valores para nós e a companhia, com investimentos para além do pré-sal, resgatando a relevância e o potencial de importantes bacias produtoras, como a Bacia de Campos, e a revisão técnica e econômica da forma de contratação de várias unidades de produção, eliminando muitos afretamentos.
A área de Refino, Transporte e Comercialização, Petroquímica e Fertilizantes (RTC) está também valorizada. Os investimentos no refino, ampliando, modernizando e diversificando nosso parque de refino na busca da autossuficiência de derivados, de produtos de melhor qualidade e menor pegada de carbono, além da retomada das Fafens. A logística amplia a atuação, olhando para as necessidades e oportunidades desse nosso país continental. Importante registrar que incrementamos nesse PN, significativamente, os investimentos para a “transição energética”, o que compreende a descarbonização das operações e a diversificação energética, olhando para fontes renováveis e produtos com baixa pegada de carbono.
Estamos reaprendendo a trabalhar como um Sistema Integrado que olha para o futuro da Petrobrás e do Brasil. Ainda temos um longo caminho a percorrer nesse resgate e reconstrução, mas se cada um de nós nos mantivermos atentos, diligentes e unidos nessa missão, essa jornada será muito mais sólida e curta.
Sigamos juntos na reconstrução da Petrobrás e do Brasil.