O vazamento seletivo de informações sigilosas tem ocorrido de forma sistemática na Petrobrás e isso é extremamente preocupante. A atitude, além de violar o código de ética da companhia, levanta graves suspeitas de interesses ocultos e até mesmo motivação política. Alguns jornalistas da grande imprensa têm publicado informações confidenciais, que deveriam estar sob sigilo dentro da Petrobrás. Relatórios reservados e processos internos de apuração viraram manchetes espetaculares e, o pior, com parte do conteúdo falso.
Pra não delongar, abordarei as três mais recentes tentativas de fabricar escândalos e crises na Petrobrás:
Em 21 de fevereiro, o jornalista Lauro Jardim noticiava que o diretor de Governança apontou conflito de interesses para a recondução ao cargo do presidente do Conselho, Pietro Mendes. Essa etapa inicial do processo, elaboração do BCI (Background Check de Integridade), ocorre dentro da Diretoria de Governança e Conformidade e deveria estar sob sigilo. O BCI será encaminhado ao Celeg (Comitê de Elegibilidade) que publicará a ata da reunião e encaminhará ao CA, que até o momento sequer recebeu o parecer.
Na quinta-feira, dia 29, a jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, publicou em seu blog uma matéria informando que o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, estaria sendo investigado no comitê de ética da Petrobrás. Deyvid veio a público, indignado e surpreso com a notícia. Revelou que desconhecia esse suposto processo administrativo contra ele. Ou seja, se é que existe o processo, a imprensa ficou sabendo da informação antes mesmo da parte interessada. Um verdadeiro absurdo!
Em seu texto, a jornalista afirmou que o Conselho de Administração da companhia foi quem pediu a investigação interna contra Deyvid, e isso não é verdade, o CA não fez essa solicitação. O motivo do pedido seria as duras críticas que ele fez a executivos da Petrobrás. Se há de fato um processo interno, enquanto membro do CA, desconheço. Mais um factóide contendo inverdades que, nesse caso, busca intimidar uma das maiores lideranças sindicais do país.
E na última sexta-feira, dia 1 de março, Lauro Jardim trouxe a notícia de que os diretores Sergio Caetano Leite e William França tiveram seus celulares apreendidos, após investigação e auditorias externa e interna referente ao contrato com a Unigel. Veículos de imprensa requentam notícias de que a governança não foi observada, divulgam supostos prejuízos e acusam um dos diretores da Petrobrás de orquestrar movimento grevista no setor privado para fechar negócio, entre outras inverdades.
As três publicações, sobre Pietro, Deyvid e os diretores, contêm informações sigilosas que não deveriam, em hipótese alguma, ser compartilhadas. E todas, sem exceção, contêm, em maior ou menor escala, inverdades.
A rede de intrigas arquitetada por parte da grande mídia, com a colaboração de pessoas de dentro da empresa, violou não apenas a ética e legalidade relativas ao dever de sigilosidade, mas também o compromisso com a verdade, que deveria guiar qualquer veículo sério de comunicação.
Os vazamentos sistemáticos precisam ser rigorosamente investigados e estancados. E os responsáveis por essa conduta indevida devem ser punidos, de acordo com as regras estabelecidas na companhia.