Em menos de um mês, petroleira Trident tem dois vazamentos na Bacia de Campos

Uma das lamentáveis consequências da política de desinvestimento praticada pela atual e pelas últimas gestões da Petrobrás, a partir de 2016, são os acidentes ambientais. E isso vem sendo promovido de forma recorrente. Só neste ano, por exemplo, no curto período de 25 dias, entre os meses de janeiro e fevereiro, tivemos dois vazamentos de óleo no mar, na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. E, segundo noticiou a imprensa, os dois acidentes envolveram a mesma operadora, a Trident Energy.


O primeiro caso foi no dia 17 de janeiro, na plataforma P-65, no Campo de Pampo. Na quinta-feira passada, 11 de fevereiro, houve o segundo vazamento, na Plataforma Central de Enchova 1 (PCE-1), que teria provocado, de acordo com informações do Ibama, uma grande mancha no litoral norte, com cerca de 28 quilômetros de extensão. As duas plataformas petrolíferas eram operadas pela Petrobrás e foram adquiridas pela empresa britânica, em 2019, como parte do programa de venda de ativos da companhia.

Por curiosidade, e em busca de mais informações, acessei o site da operadora das plataformas e já na sua página principal me deparei com a declaração de que a empresa “é composta por uma das equipes mais experientes do setor, na ciência de operação e modernização de ativos maduros de petróleo e gás”.

Li, pensei sobre o assunto e fiquei me perguntando: como uma empresa desse porte e com tamanho profissionalismo pode ser recorrente em ocasionar dois acidentes ambientais em menos de um mês?
A resposta a gente já conhece, porque já vimos esse filme na saga privatista de FHC. Isso é um dos resultados da privatização. O que a empresa privada quer é lucro. E para obter o máximo retorno financeiro do investimento, no menor tempo possível, reduz o número de trabalhadores e promove o corte de investimentos essenciais para a operação, como nas áreas de inspeção e manutenção, entre outras, precarizando as condições de trabalho e aumentando os riscos de acidentes, inclusive ambientais.

Em comunicado sobre o vazamento, enviado à imprensa, na sexta-feira (12/02), a FUP alerta sobre a privatização e a operação precarizada da empresa privada. A nota informa que em dezembro passado, a ANP já havia interditado essas duas plataformas, de Pampo e Enchova, além de mais outras duas da empresa, a P-8 e a PPM-1, com a alegação de riscos operacionais aos trabalhadores. Mas, em poucos dias, a Trident conseguiu reverter a decisão e as plataformas voltaram a operar normalmente.