Duas estatais, sendo uma delas a Petrobrás, estão entre as empresas de petróleo mais lucrativas do mundo no primeiro semestre de 2023. Neste domingo (13), o site Poder360 publicou uma notícia com o resultado das 10 principais petroleiras do planeta e mostra que a companhia brasileira lucrou US$ 13,17 bilhões, sendo o terceiro maior lucro líquido do período. A Saudi Aramco, estatal saudita, ficou em primeiro lugar (US$ 61,96 bilhões) e logo em seguida está a empresa privada norte-americana Exxon Mobil (US$ 19,31 bilhões).
Se considerada a proporção do lucro sobre a receita, a Petrobrás fica na 2ª colocação, novamente abaixo da Saudi Aramco. São resultados muito expressivos, acima da média do setor petrolífero e com lucro superior ao obtido pela maioria das empresas privadas.
Nos últimos dias, a Petrobrás foi muito criticada por conta da queda no lucro no segundo trimestre, em comparação com o mesmo período de 2022. Mas o fato é que a companhia teve no segundo trimestre de 2023 o terceiro maior saldo para o período da história da empresa. E, diferente do que se tem falado, a redução na lucratividade não é consequência da mudança na política de preços dos combustíveis.
Há dois indicadores que influenciam diretamente no resultado da Petrobrás: o dólar e o barril de petróleo tipo brent, que é referência internacional e sofreu uma queda brutal. Segundo o economista Cloviomar Cararine, brilhante quadro do Dieese, os dados mostram que, no comparativo entre o segundo trimestre de 2022 e o segundo trimestre de 2023, a cotação do barril de petróleo caiu 31%.
Se levarmos em consideração os seis primeiros meses de 2022 e deste ano, de acordo com o levantamento, veremos que o dólar teve uma leve queda, de R$ 5,08 para R$ 5,07, enquanto o brent foi de US$ 107,59 para US$ 79,83, redução de 25,8%. Os números deixam claro que a queda do brent foi o principal motivo para a diminuição do lucro da companhia.
Olhando para a receita líquida, que é a quantidade de produto vendida com o preço médio, comparando o semestre de cada ano, os dados apontam queda de 38,5% no petróleo cru, redução maior do que a do diesel, que foi de 14,5%, e da gasolina, de 6,7%.
Como anunciado pelo presidente Jean Paul Prates em maio passado, a nova política de preços da Petrobrás não é mais o preço de paridade de importação (PPI), mas entre outros fatores, acompanha, referencialmente, a cotação internacional do barril. Sendo assim, se cai a cotação no exterior, aqui também cai. A companhia vendeu mais, mas como exportadora sentiu bastante a queda da receita do petróleo cru.
Mas se voltarmos um pouquinho mais no tempo também vamos nos deparar com quedas no preço do barril de petróleo e o efeito disso nas receitas líquidas de venda de produtos da Petrobrás. Cloviomar buscou os dados dos primeiros seis meses de 2020, fazendo o comparativo com o mesmo período de 2019, quando o PPI estava a todo vapor, e constatou que o dólar subiu 27% e o barril caiu 40%, uma redução maior do que a que tivemos agora. E nesse período, todas as receitas com os produtos vendidos pela companhia diminuíram, o diesel 28% e a gasolina, 30%. Uma diferença enorme em relação à porcentagem de queda atual.
Percebemos, dessa maneira, que todo grande momento de queda do preço do barril influencia na receita dos produtos vendidos pela Petrobrás, seja com ou sem PPI. E, atualmente, o que contribui de forma veemente, sem dúvida, é o preço do barril do petróleo.
Assim, atribuir a queda dos lucros da Petrobrás à nova política de preços, é uma simplificação oportunista dos plantonistas do mercado financeiro que miram apenas no lucro máximo e imediato, sem olhar para a perenidade da companhia e seu papel estruturante na economia nacional.