A Petrobrás fez um comunicado, neste sábado (31/07), afirmando que “não há definição” quanto à implementação e ao montante de participação em eventuais programas sociais destinados ao gás de cozinha no Brasil. O informe foi divulgado em esclarecimento às notícias veiculadas pela imprensa, logo após Bolsonaro dizer, na sexta-feira à noite, no Programa do Ratinho, que a estatal tem uma reserva de R$ 3 bilhões para custear as despesas com o pagamento de um vale-gás para a população de baixa renda.
Na nota, a Petrobrás destaca que “sensível ao impacto social do gás de cozinha” tem contribuído nas discussões dentro do Ministério de Minas Energia em relação a possíveis programas voltados às famílias vulneráveis. Mas em nenhum momento confirma que alguma decisão tenha sido efetivada. A empresa reforça ainda que segue adotando a prática de preços de venda de GLP em equilíbrio aos mercados competidores.
E é justamente essa “prática de preços de venda”, conhecida como PPI (Preço de Paridade de Importação), que faz com que o gás de cozinha seja comercializado por um valor tão alto, inacessível à grande parte da população brasileira. Sem condições para comprar um botijão de gás, dezenas de milhões de pessoas no Brasil estão utilizando lenha ou álcool para cozinhar.
O levantamento mais recente do IBGE, feito em 2019, aponta 14 milhões de famílias nessa situação, ou seja, um quinto da população brasileira. Levando-se em consideração que esse levantamento já tem dois anos e, nesse período, o gás já sofreu vários aumentos e é vendido hoje, em diversas regiões do país, por mais de R$ 100, podemos imaginar que esse número, atualmente, é bem maior.
Nesse cenário injusto e cruel com a população mais pobre, quem tem se mostrado realmente sensibilizado e disposto a ajudar são os petroleiros e seus sindicatos. Em todo o país, entidades sindicais da categoria petroleira têm promovido ações de solidariedade com a doação e venda de botijões de gás a preços populares, o que não é noticiado pela grande imprensa. Institutos de pesquisas, como o Ineep e o Ibeps, demonstram que é possível vender o gás de cozinha por um preço justo, em torno de R$ 60. Para isso, há que se abrir mão da política de preços alinhados aos de importação, o PPI, que comercializa os combustíveis nacionais (gasolina, diesel e gás) como se importados fossem.
Os brasileiros precisam de uma política de preço justo e não de caridade. Precisamos ter de volta a nossa Petrobrás, resgatar seu original e verdadeiro DNA, de empresa estatal de economia mista, cuja principal missão esteja voltada para o desenvolvimento socioeconômico, e com respeito ao meio ambiente, da nação brasileira. Uma Petrobrás estatal que pratica preços acessíveis, e ainda assim lucrativos, garantindo uma vida mais digna ao seu povo.