Muita gente atribui a invenção do biodiesel ao engenheiro mecânico franco-alemão Rudolf Diesel, que criou, em 10 de agosto de 1893, um motor que funcionava com óleo de amendoim. Por causa desse feito, a data foi instituída como o Dia Internacional do Biodiesel. Mas, na realidade, o verdadeiro inventor desse combustível renovável é um brasileiro, o engenheiro químico cearense Expedito Parente. Ele é reconhecido mundialmente como o “pai do biodiesel”.
A explicação é simples: Rudolf utilizou em seu motor óleo de amendoim bruto, que é diferente do biodiesel, concebido a partir de uma reação química com o etanol chamada de “transesterificação”. O óleo cru tem uma cera que danifica o motor e Expedito descobriu a reação que tira a cera do óleo, ou seja, o biodiesel.
Na crise do petróleo, na década de 70, o brasileiro decidiu pesquisar e desenvolver novas fontes de energia renováveis, como os óleos vegetais. Em seu primeiro experimento, ele misturou óleo de caroço de algodão com metanol. Em 1983 ele registrou a primeira patente do mundo para a produção em escala industrial do biodiesel – a patente PI – 8007957 “Processo de Produção de Combustíveis a partir de Frutos ou Sementes Oleaginosas”.
Infelizmente, o governo brasileiro não teve interesse na adoção do sistema como método de produção primário de biocombustível, dando mais atenção ao Programa Nacional do Álcool. A tecnologia, entretanto, foi reconhecida pela ONU (Organização das Nações Unidas), pelo governo dos Estados Unidos, por empresas como a Boeing e Nasa (Agência Espacial Americana). Hoje, a patente é de domínio público.
A produção e uso desse combustível no país se deu, efetivamente, a partir de 2004, com a implementação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). Dois anos depois, a Petrobrás iniciou sua trajetória na produção de biocombustível, com a criação da PBio, a Petrobrás Biocombustível.
A empresa nasceu como o braço verde da estatal e sempre desenvolveu trabalhos de pesquisa em parceria com o Cenpes (Centro de Pesquisa da Petrobrás). Passou ainda a ter participação em outras empresas do setor e se tornou uma das maiores produtoras de biodiesel do Brasil.
No ano passado, em plena pandemia, a gestão da Petrobrás anunciou a venda da PBio, de porteira fechada, o que significa se desfazer de um corpo técnico altamente treinado e qualificado, sem falar da questão social dos empregados.. A companhia vai se desfazer de uma empresa que desempenha importante papel social, promovendo, principalmente, a inclusão da agricultura familiar, cooperando com o desenvolvimento econômico de diversas regiões brasileiras, além de investir em energia renovável. Uma empresa que é estratégica para o desenvolvimento sustentável e soberano do nosso país.
Em tempos de aquecimento global, mudanças climáticas e busca por energias renováveis e sustentabilidade, vender a PBio é colocar a Petrobrás na contramão do futuro.