A Petrobrás divulgou ao mercado o volume das reservas provadas de óleo, condensado e gás natural. Segundo critérios da SEC (US Securities and Exchange Commission) em 31 de dezembro de 2020, o volume total é de 8,816 bilhões de barris de óleo equivalente (boe). Deste total, 86% são de óleo e condensado e 14% de gás natural. Feitas as considerações econômicas que impactam negativamente o resultado em função da queda do preço, o fato é que são as menores reservas do milênio. Levantada a série histórica das reservas provadas desde o ano 2000 (figura 1), no mesmo critério, essas são as menores da série e, destaco, as menores dos últimos 20 anos, considerando, inclusive, o período em que não havíamos descoberto ainda a gigantesca província petrolífera do pré-sal.
Se o cálculo for realizado pelo critério da ANP/SPE (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis / Society of Petroleum Engineers), as reservas provadas atingiram 9,427 bilhões de barris de óleo equivalente.
A diferença entre os cálculos SEC e da ANP/SPE deve-se ao fato de que no critério ANP algumas premissas econômicas são diferentes e podemos, nas reservas brasileiras, considerar volumes a serem produzidos além do prazo contratual.
Com relação ao índice de reposição de reservas (IRR) esse mostra também resultados preocupantes. Se forem desconsideradas as vendas de Ativos, a reposição fica em 29% da produção do ano. Em número de anos, temos reservas pra produzir apenas 9,6 anos, junto com os anos de 2016 e 2017, os mais baixos da série histórica, desde 2000 (figura 1).

Fonte: Petrobrás; Elaboração: INEEP
E como entender que a Petrobrás, descobridora da província do pré-sal, tem diminuído suas reservas provadas e seu índice de reposição de reservas? As respostas estão nos “Planos Estratégicos”, leia-se quinquenais, onde a redução de investimentos totais e em E&P é sistemática (figura 2), e na política de desinvestimentos(sic) e parcerias, na linguagem clara, as privatizações. Somando-se a isso, políticas aprovadas no Congresso Nacional, pelos “nacionalistas de plantão” retiraram da Petrobrás a prerrogativa de ser operadora dos campos do pré-sal sob regime de partilha, bem como de deter, no mínimo, 30% da participação nesses blocos. E não estão ainda satisfeitos, há projeto propondo penalizar a empresa caso ela não manifeste interesse nos blocos ofertados sob regime de partilha nos leilões.

O apequenamento da Companhia segue em ritmo acelerado, os dados são inquestionáveis.
Mas esse apequenamento reflete o tamanho da atual missão: “Melhor empresa de óleo e gás na geração de valor para o acionista” diagonalmente oposta àquela da gigante compromissada com nosso país: “Atuar na indústria de petróleo e gás de forma ética, segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, fornecendo produtos adequados às necessidades dos clientes e contribuindo pra o desenvolvimento do Brasil e dos países onde atua”.
E qual a visão estratégica de longo prazo da atual gestão da empresa? Essa é uma pergunta que não quer calar. A que conheço é mais antiga, é do tempo que se planejava olhando para o futuro, mas essa já foi descartada, então vamos refrescar a memória: Visão (2030) – Ser uma das cinco maiores empresas integradas de energia do mundo e a preferida dos seus públicos de interesse.
Ficam aqui os dados para reflexão de cada um.