Após quase nove anos parada, construção da UFN3 pode ser retomada em breve pela Petrobrás

Com as obras paradas desde dezembro de 2014, a construção da UFN3, a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados de Três Lagoas (MS), finalmente está perto de ser retomada. O assunto foi pauta da reunião que o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, teve na semana passada com o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Veículos da imprensa, especialmente do estado sul-mato-grossense, noticiaram que Prates sinalizou no encontro a intenção de concluir o empreendimento, que já tem mais de 80% das obras acabadas – lembrando que nos direcionadores estratégicos para o “PE 24-28”, aprovados pelo CA no final de maio, está destacada a retomada da Petrobrás no setor de fertilizantes.


A notícia é extraordinária! Quando em operação, a UFN3 terá capacidade de suprir uma boa parte do volume de fertilizantes nitrogenados utilizados no Brasil, reduzindo consideravelmente nossa importação de ureia e amônia. De acordo com levantamento da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), em 2022 foram importados 7,2 milhões de toneladas de ureia, sendo que a produção anual da UFN3, quando em pleno funcionamento, será de 1,3 milhão de toneladas – ou seja, 18,3% do total importado pelo país.
Em relação à amônia, no ano passado foram importadas 6,6 milhões de toneladas. A produção anual da fábrica será de 0,8 milhão de toneladas, o equivalente a 12,1% do total. Aliada a essa questão tem ainda o impacto que a UFN3 trará à economia do município e do estado, com geração de empregos e renda.
O desmonte da Petrobrás, da engenharia pesada e do setor industrial do país, causado pela operação Lava Jato e os governos por ela promovidos, foi brutal. E nada mais revigorante do que ver as iniciativas que apontam para a reconstrução da nossa Petrobrás e do país. No início do ano, o novo governo anunciou que daria continuidade à política nacional de fertilizantes, sendo umas das ações a retomada da construção da UFN3.
A Petrobrás tem hoje três fábricas prontas de fertilizantes nitrogenados no país, uma no Sul e duas no Nordeste. A gestão Castello Branco tentou vende-las, como não logrou êxito, fechou a do Paraná (Ansa ou Fafen PR) e arrendou as unidades da Bahia e Sergipe para o setor privado, que recentemente colocou uma delas para hibernar. Há duas fábricas em construção, a UFN3, em Três Lagoas, e a UFN5 em Uberaba, Minas Gerais, além de uma outra unidade, a UFN4, planejada para Linhares, no Espírito Santo.
A retomada da construção das fábricas planejadas e/ou inacabadas e a reativação e modernização das demais unidades da Petrobrás reduzirão significativamente nossa dependência da importação dos fertilizantes nitrogenados. O Brasil é um dos maiores exportadores de produtos do agronegócio e tem na agricultura familiar e pequenos agricultores a principal fonte de alimentação da população, portanto, é estratégica e vital a produção de fertilizantes para redução da dependência externa. A questão dos fertilizantes está diretamente relacionada à segurança alimentar.
Vamos comemorar a importante notícia e seguir na direção da retomada da nossa capacidade de produzir fertilizantes para o Brasil.