Aprovado pelo CA, pagamento de dividendos da Petrobrás será votado na Assembleia Geral dos Acionistas

Com meu voto contrário, o Conselho de Administração autorizou, nesta quarta-feira (01/03), que a proposta de pagamento de dividendos da Petrobrás seja encaminhada para apreciação na Assembleia Geral de Acionistas, que deve acontecer em 27 de abril. Eu não posso concordar com a distribuição de uma soma bilionária frente aos modestos investimentos previstos nos “planos estratégicos” da companhia, os quais reprovei desde o início do meu mandato.
Além disso, já foram pagos praticamente100% dos dividendos ao longo do ano, conforme regra da distribuição – da qual também discordo. Neste trimestre, o montante proposto ultrapassa a aplicação da fórmula prevista na Política de Remuneração da estatal em R$ 6,5 bilhões em cerca de 27% do valor.


Considerando o volume e o preço das ações da Petrobrás em 27/02/2023, o seu valor é de R$ 370 bilhões. Sendo assim, o montante de dividendos aprovados para o ano representa entre 58% e 60% desse valor de mercado da companhia na referida data.

De acordo com o ranking global da Janus Henderson, que é referência mundial, a Petrobrás é a maior pagadora de dividendos do país e a segunda maior do planeta, atrás apenas da mineradora australiana BHP. No ano passado, a Petrobrás pagou US$ 12,6 bilhões (R$ 65,6 bilhões) a mais em dividendos do que em 2021, sendo o maior aumento do mundo.

Não sou contra o pagamento de dividendos, mas no volume proposto considero indefensável, pois os resultados obtidos são consequência, principalmente, da política nacional de preços dos combustíveis, o PPI, que onera a sociedade brasileira impactando no custo de vida; da desverticalização e apequenamento da companhia através das privatizações de importantes ativos e dos insanos cortes de custos promovidos em todas as áreas da companhia.
É fundamental e urgente a mudança da política de preços pelo governo federal, bem como rever o “plano estratégico” da companhia para aumentar os investimentos, seja na apropriação das nossas reservas, nas novas fronteiras exploratórias, descarbonização, transição energética, modernização e ampliação do parque de refino, além de resgatar ativos importantes que foram vendidos nos últimos anos.

É urgente a mudança de visão estratégica da Petrobrás para sua reconstrução e garantia de sua sustentabilidade a médio e longo prazos. É urgente colocar em prática o projeto aprovado nas urnas em outubro de 2022 e resgatar o DNA de nossa maior estatal, que deve servir prioritariamente o Brasil e os brasileiros.