CA aprova novo plano estratégico, que conduz Petrobrás na contramão do setor de óleo e gás

Em reunião nesta quarta-feira, 30 de novembro, o Conselho de Administração aprovou o “Plano Estratégico” 2023-2027 da Petrobrás. Eu não pude aprová-lo.
Como esperado e divulgado, foram mantidas todas as bases e diretrizes que direcionaram os planos anteriores. Apesar de reconhecer o hercúleo trabalho das equipes envolvidas na elaboração do plano, bem como alguns avanços, considero as bases que o fundamentam inconciliáveis com os princípios que motivaram a fundação e construção da Petrobrás.

A concepção financista na gestão da companhia a conduz como uma empresa privada, divorciada do relevante interesse público que justificou sua criação. Essa concepção é fielmente traduzida na visão e um dos valores:
· “Ser a melhor empresa de energia na geração de valor, com foco em óleo e gás, sustentabilidade, segurança, respeito às pessoas e ao meio ambiente”
· “orientação ao mercado e resultados”.

Na verdade, o “Plano Estratégico 23-27” anunciado é apenas o plano de negócios quinquenal. O plano estratégico, que deveria projetar a empresa para o futuro, não é formulado há alguns anos, apesar de minhas reiteradas cobranças desde que assumi em 2020. Mas isso também é sintomático.

O plano dá seguimento à estratégia de desverticalização, desintegração e esvaziamento da atuação da Petrobrás no país, pautada pela concentração das atividades no eixo Rio-São Paulo, em descompromisso com o desenvolvimento nacional e as necessidades regionais em torno do abastecimento – o que contraria as bases da constituição da empresa.
As estratégias, focadas na “maximização de valor”, apontam para a concentração das atividades na produção de óleo do pré-sal, em poucos campos, a exportação de óleo cru, a privatização da metade da capacidade de refino, a saída do setor de fertilizantes, biocombustíveis e petroquímica – somados aos ainda parcos e tímidos investimentos na área de transição energética, descarbonização e energias renováveis – e conduzem a companhia na contramão das suas concorrentes, que se mantêm verticalizadas, integradas e diversificadas.

O “PE 23-27”, como os anteriores, nega não apenas o passado da Petrobrás, mas principalmente o seu futuro.
Resgatar a Petrobrás para sua essência, como uma empresa de energia verticalizada e integrada a serviço do Brasil e dos brasileiros, é uma das principais missões que enfrentaremos a partir de 2023.
Defender a Petrobrás é defender o Brasil