Desde sábado, gás natural custa mais caro

Em um momento de extrema dificuldade e de recessão como este que vivemos hoje, quando contabilizamos mais de 408 mil mortes por covid-19, vemos nosso sistema de saúde em colapso, a miséria e a fome se multiplicando pelo país e o desemprego atingindo mais de 14 milhões de brasileiros, é impossível não se indignar diante de mais um aumento do gás natural, consequência da atual política de preços adotada pelo governo e a gestão da Petrobrás.

Desde sábado, 1º de maio, o gás natural, que é vendido pela companhia às distribuidoras de gás canalizado do país, ficou 39% mais caro. Em janeiro, o governo já tinha reajustado o gás em 31%. Os dois aumentos resultam em uma elevação de 82% em apenas quatro meses.
Uma realidade que fica bem aquém da promessa feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no lançamento do Novo Mercado de Gás, em junho de 2019. Na época, ele garantiu que o valor do combustível, usado principalmente na indústria, cairia até 40% em dois anos. O que a gente vê é exatamente o contrário.


A população que usa gás encanado em casa, para cozinhar ou no aquecimento ambiental e de água, vai sentir esse aumento no bolso. Os motoristas de veículos abastecidos com GNV (Gás Natural Veicular) vão pagar mais caro pelo combustível. Hoje, a indústria é a maior consumidora de gás natural no Brasil e o produto é utilizado ainda na fabricação de fertilizantes (como matéria-prima) e em termelétricas, o que elevará as contas de energia elétrica de muitos consumidores, em várias partes do país.

Assim como acontece com a gasolina, o diesel e o gás de cozinha, que já sofreram sucessivos aumentos neste ano, o reajuste do gás natural é resultado da política de preços praticada pela diretoria da Petrobrás desde 2016, na época de Pedro Parente. No caso do gás natural, a atualização dos valores dos contratos ocorre a cada três meses, atrelada ao PPI (Preço de Paridade de Importação), que vincula o preço dos combustíveis à taxa de câmbio, de internalização, frete e às variações do barril de petróleo no mercado internacional.

Nesta segunda-feira, dia 3 de maio, a gestão da Petrobrás anunciou que vai adotar um novo indexador para o preço do gás natural, baseado na cotação internacional desse combustível e não somente na variação do petróleo, como ocorre hoje. A companhia diz que essa nova referência é mais estável e previsível.

Produzimos mais de 90% do nosso consumo de petróleo e refinamos mais de 84% do consumo de derivados, portanto, a importação é uma fração muito pequena nos custos. O preço dos derivados não pode penalizar a sociedade brasileira para maximizar o lucro dos acionistas. O preço deve e pode ser mais justo para a sociedade brasileira, cliente final desses produtos e a verdadeira dona da Petrobrás, e ainda assim bem remunerar todos os acionistas da empresa.