Há dois anos afastada da distribuição de combustíveis, Petrobrás pode retomar operação no setor

Durante muitos anos, a Petrobrás teve uma atuação forte e marcante na distribuição de combustíveis no país, mas foi completamente afastada desse negócio em 2021, com a conclusão da venda da BR Distribuidora. A boa notícia é que a estatal pode voltar a operar nesse importante setor. Em falas recentes à imprensa, o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, admitiu essa possibilidade. E disse ainda que a retirada da estatal da distribuição, principalmente do ponto de vista estratégico da transição energética, foi um ‘erro crasso”.

De fato, a saída da empresa do setor de distribuição é algo indefensável, uma decisão que desverticalizou a Petrobrás. A privatização da BR Distribuidora, mais do que um grave erro, foi lesiva para a companhia, para o país e o povo brasileiro, pois entregou ao setor privado um dos maiores mercados consumidores do planeta. E além de vender a BR, o governo passado ainda cedeu a marca Petrobrás para a nova proprietária, a Vibra Energia, utilizá-la por dez anos. Ou seja, a empresa mantém em seus postos privados o mesmo símbolo BR e a mesma identidade visual nacionalista, se beneficiando de uma marca de credibilidade, construída durante décadas. Um tremendo absurdo!
A BR Distribuidora foi construída pela Petrobrás em 1971, com o objetivo de acabar com o cartel das multinacionais e assegurar a distribuição nacional de combustíveis e lubrificantes. Sua privatização começou a ser gestada no mandato de Temer e foi concluída no governo passado. Em 2017, a Petrobrás abriu o capital da empresa na bolsa, em 2019 fez uma nova oferta de ações que lhe retirou o poder de controle e, em 2021, encerrou sua participação acionária, com a venda de sua fatia restante de 37,5%.
Retomar a distribuição é um ótimo negócio para a Petrobrás e os brasileiros. Mas defendo que é preciso ir além e rever todas as privatizações que ocorreram nos últimos sete anos, principalmente as vendas injustificáveis de ativos como a BR, os gasodutos NTS e TAG e as distribuidoras de gás (GLP) Liquigás e Gaspetro, além das refinarias e dos importantes campos e polos produtores de petróleo. Só reestatizando nossas empresas, conseguiremos avançar nas mudanças que tanto queremos e na reconstrução do nosso país.