Investidores privados avançam sobre a União e aumentam fatia de ações da Petrobrás

Desde o início da escalada dos preços dos combustíveis no Brasil, em janeiro de 2021, a direção da Petrobrás já aumentou 13 vezes o valor da gasolina e 11 vezes o do diesel. Nos três anos do governo Bolsonaro, foram vários reajustes acima da inflação, provocando uma disparada nos preços de tudo, principalmente dos alimentos.

O grande responsável por essa explosão nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, que nunca custaram tão caros, é o PPI (Preço de Paridade de Importação). É a política de preços definida pelo governo federal para a Petrobrás calcular o valor dos combustíveis, que por um lado torna a vida do povo brasileiro cada dia mais difícil e, por outro, proporciona fartos dividendos aos acionistas. E quem mais se beneficia com esse lucro não é a União, embora ainda seja a acionista controladora, mas os acionistas privados, cuja fatia de ações da estatal tornou-se ainda maior.


A composição acionária da Petrobrás, que pode ser conferida no próprio site da empresa (https://www.investidorpetrobras.com.br/visao-geral/composicao-acionaria/) nos mostra que a participação dos investidores estrangeiros no capital total da companhia cresceu de 41,65% para 45,18%. Os investidores brasileiros representam 18,21% e a União, 36,61%. Ou seja, os estrangeiros são majoritários em relação aos demais acionistas.
Outra informação importante é que a União diminuiu ainda mais o volume de ações ordinárias, que dão direito a voto nas decisões da empresa, passando de 50,50% para 50,26%, mantendo o controle por um triz. Enquanto a parte dos estrangeiros cresceu de 39,28% para 41,63%.

Com relação às ações preferenciais, a fatia dos estrangeiros aumentou de 44,80% para 49,90%. A parte dos investidores brasileiros diminuiu de 36,72% para 31,62% e a da União manteve-se no mesmo patamar, de 18,48%. Essas ações determinam a preferência no recebimento de dividendos ou valores em caso de liquidação da companhia e o Estado brasileiro é o que menos se beneficia nesse caso.
Esse cenário é bem preocupante porque indica o avanço dos investidores estrangeiros sobre a União. É o sinal de alerta que se acende.

A verdade é que mesmo sendo uma estatal e tendo a União ainda como acionista controlador, desde 2016 a Petrobrás vem enfrentando um processo de privatização cada vez mais acentuado e sendo administrada como uma empresa privada. A maior parte das reservas mundiais de petróleo está nas mãos de empresas estatais, servindo à soberania energética de seus países. É inconcebível que o petróleo brasileiro, descoberto e produzido pela estatal nacional, tenha destino diferente que não o Brasil e seu povo.

Temos que lutar para que a União tenha maior participação no capital social e no controle acionário da Petrobrás. A Petrobrás foi criada pelo povo brasileiro para servir ao Brasil, impulsionando o desenvolvimento nacional, visando a soberania energética e o abastecimento do país a preços justos para a população.