P-80 será construída por empresa de Singapura, com apenas 25% de conteúdo local

Em comunicado, nesta segunda-feira (15), a direção da Petrobrás anunciou que assinou contrato com uma empresa de Singapura para a construção da plataforma P-80, que vai operar no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos. O início da produção está previsto para 2026.

De acordo com a nota, a plataforma terá “alta capacidade de produção” e “tecnologias inovadoras para redução de emissões de CO2”. O informe diz ainda que “essa plataforma será uma das maiores a operar no Brasil e uma das maiores da indústria de petróleo e gás mundial”.

A notícia é muito positiva e importante, mas poderia ter um efeito ainda mais grandioso e entusiasta, não fosse o baixo conteúdo local exigido pelas políticas governamentais, neste caso, de apenas 25%. Esse índice vai permitir que sejam gerados muito mais empregos no exterior do que no Brasil.

O plano da Petrobrás, segundo a FUP, é colocar em operação, até 2026, 14 plataformas nas bacias de Campos e Santos. Desse total, dez unidades já têm as obras contratadas no exterior, todas no mercado asiático.

Segundo levantamento do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), cada bilhão de investimento na construção de plataforma gera 26,3 mil empregos, A obra do FPSO Maria Quitéria, por exemplo, que será instalado no Parque das Baleias, na parte capixaba da Bacia de Santos, tem investimento previsto de R$ 5,6 bilhões. Isso significa a abertura de 148 mil vagas, mas na Ásia e não no Brasil.

A política de conteúdo local, criada a partir da 1ª rodada de licitações para exploração, em 1999, foi valorizada e intensificada a partir da quinta rodada, aumentando o conteúdo, o que estimulou a indústria naval brasileira, treinou e preparou mão de obra nacional para os estaleiros e toda uma cadeia produtiva que deriva da indústria de óleo e gás, gerando milhões de empregos no Brasil.

Infelizmente todo esse trabalho foi destruído com a operação Lava Jato, que paralisou as obras e contratos no país, penalizou empresas e destruiu mais de 4 milhões de empregos, segundo estudos do Dieese. Em 2014, por exemplo, a indústria naval empregava cerca de 82 mil trabalhadores, quatro vezes mais do que hoje.
A Petrobrás é uma empresa de economia aberta, é fato! Mas é estatal e isso também é fato. Resgatá-la para sua missão original, de atender o relevante interesse nacional, motivadora de sua criação, deve ser a meta de todo bom brasileiro.