Petróleo do Polo Lagoa Parda vaza e atinge fauna e flora, em Linhares, com risco de chegar ao mar

Nesta terça-feira, dia 15 de fevereiro, moradores de Areal, em Regência, no balneário de Linhares, região norte do Espírito Santo, identificaram um vazamento de óleo próximo à foz do Rio Doce. Na localidade há comunidades tradicionais, pequenos produtores rurais e áreas de proteção ambiental com importante e frágil biodiversidade. Corpos d´água, animais e vegetação foram atingidos pelo óleo e há um sério risco desse se espalhar pelas lagoas e veredas, podendo alcançar o Rio Preto, posteriormente, o Rio Doce, e chegar ao mar. A responsável pelo vazamento é a Imetame Energia, empresa que comprou o Polo Lagoa Parda (ES) da Petrobrás, em setembro de 2020. As causas e os prejuízos ainda estão sendo avaliados.

Infelizmente, essa não é a primeira vez que a região da foz do Rio Doce é vítima de um desastre ambiental. Em 5 de novembro de 2015, ocorreu o rompimento da barragem da mineradora Samarco, da Vale, em Minas Gerais, causando a morte de 19 pessoas e despejando 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minérios no Rio Doce. A lama atingiu várias cidades, chegou na foz do Doce e também no mar do Espírito Santo, na região de Regência, em Linhares. Considerada a maior tragédia ambiental na história do país, gerou, entre outras consequências, um surto de febre amarela.

Hoje, essa mesma região volta a agonizar por conta da privatização. O Polo Lagoa Parda envolve três concessões terrestres em produção, é próximo do Terminal Aquaviário TNC (Terminal Norte Capixaba) e da UTGC (Unidade de Tratamento de Gás Natural de Cacimbas), que processa o gás natural dos campos de produção terrestre e marítimos do estado.

O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo vem denunciando as vendas de ativos da Petrobrás no território capixaba e alertando para uma questão fundamental: a falta de experiência e de conhecimento das empresas compradoras dos ativos da estatal. Muitas nunca operaram no setor, não têm sistema de contenção e brigadas especializadas.

Filmagens feitas na área registram o caos estabelecido no processo de contenção/remediação do acidente e o total despreparo da Imetame e sua empresa contratada para atuar no caso.

Trabalhadores sem treinamento e sem equipamentos adequados para realizar a contenção e o recolhimento do óleo, e que também não contam com todos os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). Improvisos inadmissíveis e criminosos protegidos pelo silêncio ensurdecedor da grande mídia, cúmplice da sanha privatista e do crime ambiental cometido e agravado pelo descaso e total despreparo da empresa responsável pelo derrame.

#PRIVATIZAR FAZ MAL AO BRASIL!