Prejuízo no segundo trimestre evidencia porque não se pode vender refinarias e a BR Distribuidora

A Petrobrás anunciou um prejuízo de U$ 2,7 bilhões no segundo trimestre deste ano, contra um lucro de U$ 18,9 bilhões em igual período de 2019. Seguramente os impactos da pandemia do novo coronavírus colaboraram com este resultado, com reflexo nos preços, margens e volumes, provocando queda significativa da receita de vendas dentro e fora do país. Mas o prejuízo poderia ser ainda maior se ela não fosse, ainda, uma empresa integrada.

Esse prejuízo foi aliviado pelo o ganho proveniente da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins, pela ausência de impairments e, certamente, porque a Petrobrás ainda conta com todo o seu parque de refino.

No mercado interno a queda do consumo e dos preços dos derivados, além da venda do controle da BR Distribuidora, derrubaram as receitas em quase 40%.

No mercado externo a exportação de óleo cru se concentrou no mercado chinês (87%) e a perda só não foi maior em função das exportações de óleo combustível e bunker, de grande aceitação em função dos baixos teores de enxofre.

Importante destacar dois fatos:

  1. o preço do barril de petróleo caiu 41,9% e o preço dos derivados caiu bem menos, no mercado interno 31% e, dos derivados exportados, menos de 15%;
  2. as receitas com exportações de derivados (óleo combustível e bunker) amenizaram o prejuízo da empresa, lembrando que as refinarias RLAM e RNEST, colocadas à venda, são, juntas, responsáveis por quase 50% dessa produção. Segundo estudos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) a queda da receita nas exportações de derivados foi inferior a 15%, enquanto a das exportações totais foi de 34,8%.

Esses fatos confirmam a necessidade de a Petrobrás continuar integrada, do poço ao posto, como as grandes petrolíferas do planeta, e evidenciam que a venda das refinarias e da BR Distribuidora se constitui em colossal erro e prejuízo à empresa e ao país.