Tragédia de Mariana completa 7 anos, sem punições e com centenas de famílias desamparadas

Já faz sete anos que aconteceu o maior desastre ambiental da história do Brasil: o rompimento da barragem da Vale, Samarco e BHP Billiton, na cidade de Mariana (MG). Foi no dia 5 de novembro de 2015 que se deu a tragédia. E passado todo esse tempo, ninguém até hoje foi punido criminalmente e centenas de famílias atingidas seguem desamparadas, vivendo de favor na casa de amigos e parentes.


O rompimento da barragem causou uma avalanche de rejeitos de mineração, deixando 19 mortos e centenas de desalojados. Comunidades inteiras foram devastadas. O rastro de destruição atingiu quase 1,8 mil hectares de margens da bacia do Rio Doce até o litoral do Espírito Santo, sendo 324 hectares de mata atlântica, o equivalente a 453 campos de futebol. Toneladas de peixes morreram, a pesca foi suspensa e a água que abastece a região não é mais confiável para o consumo.

O fato é que a catástrofe ainda impacta diretamente o dia a dia de diversas famílias, em vilarejos de Minas Gerais e do Espírito Santo, que lutam por justiça e pela reparação das perdas. Enquanto essas pessoas tiveram a vida destruída, a Vale – maior produtora de minério de ferro do mundo, que foi privatizada em 1996 – e a anglo-australiana BHP, maior mineradora do mundo em valor de mercado, se destacam entre as 10 principais pagadoras de dividendos do planeta, segundo o índice Janus Henderson.

Só em 2021, a Vale foi recordista na distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP), com a soma de R$ 73,29 bilhões, de acordo com dados da Economatica. A Petrobrás, segunda colocada no ranking, pagou R$ 72,72 bilhões. O valor total distribuído pela mineradora e a estatal no ano passado foi superior à quantia atingida por todas as outras 226 empresas listadas na bolsa brasileira.
Pelo visto, não é dinheiro que falta para restabelecer minimamente a vida e a dignidade dessas famílias, que já sofreram tanto. O que falta é compromisso socioambiental, decisão política e, principalmente, o fim da impunidade.