Como o corte de investimentos dos últimos anos faz o Polo Recôncavo parecer menos lucrativo

Como o corte de investimentos dos últimos anos faz o Polo Recôncavo parecer menos lucrativo

Na última semana comentei a venda de 100% da participação da Petrobrás no Polo Recôncavo, que compreende 14 campos terrestres de exploração e produção localizados na Bahia. (Reveja o post aqui.)  Entre os campos que foram vendidos está o de Candeias, onde está localizado o Poço Candeias 1, primeiro poço de exploração comercial de petróleo do Brasil, que entrou em atividade há 79 anos e ainda hoje segue ativo.

Reitero que o Polo Recôncavo é lucrativo para a Petrobrás. De janeiro a novembro de 2020, teve uma produção média de cerca de 2.145 barris de óleo por dia (bpd) e 465 mil m³/dia de gás natural.  Volume pequeno se comparado ao pré-sal, mas expressivo para a realidade do ambiente “onshore” (ou seja, quando a exploração acontece em terra).

Ao mesmo tempo, é necessário compreender o plano de fundo em que ocorre a argumentação para sua venda. Quando buscamos dados dos últimos cinco anos de sua produção pelo site da Agência Nacional do Petróleo (ANP), notamos um declínio na produção a partir de 2016 que certamente não representa apenas a maturidade do campo, mas também a falta de investimentos. 

Essa tendência de declínio mostra recuperações sistemáticas até meados de 2019, quando começam as propostas de negociação do polo. Ou seja, há um percurso de corte de investimentos que vem sendo traçado para que, agora, o polo já não pareça tão lucrativo a ponto de ser considerado um ativo desinteressante para a Companhia e que, portanto, pode ser vendido.

Com a retomada de investimentos no Polo Recôncavo é possível não só continuar contribuindo com o fluxo de caixa da Companhia, mas incrementá-lo, assim como incrementar a produção e as reservas provadas da Petrobrás.

As atividades da Petrobrás na Bahia respondem por cerca de 15% da produção industrial do Estado, 16% das exportações e 20% da arrecadação de ICMS. Mas, após a venda deste polo, não temos dimensão das consequências que vão impactar a vida de trabalhadores, o comércio local, a arrecadação dos royalties, ISS e ICMS, entre outros fatores. Por isso, defendo novamente: o Polo Recôncavo deve continuar pertencendo aos baianos e a todo o povo brasileiro.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *